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domingo, 15 de março de 2009

Dinheiro Criado A Partir De Dívida

Apesar da sua importância, o significado e a forma de criação do dinheiro é pouco explicada e debatida. Para uma explicação histórica e mais detalhada recomendo o capítulo 5 - Money Changes Everything - do livro 'Economics For Real People' de Gene Callahan.

Na maior parte dos países desenvolvidos existe um sistema monetário constituído por um banco central e uma série de bancos comerciais que operam sobre um sistema de reservas fraccionais (em inglês Factional-Reserve Banking). Isto quer dizer que um banco apenas precisa de reter uma parte (fracção) mínima de depósitos determinada pelo banco central. Por exemplo, um banco com 1.000 euros em depósitos, se a reserva mínima for 10%, pode emprestar 900 desses euros. Estes 900 euros por sua vez podem ser depositados noutra instituição bancária, que pode voltar a emprestar dinheiro, desta vez 810 euros, retendo 10% (90 euros). Estes 810 euros podem por sua vez ser depositados noutra instituição bancária, e assim sucessivamente...

Isto é, os 1.000 euros depositados inicialmente, podem dar origem a 9.000 euros.
Neste caso, criam-se pelos bancos comerciais 9 vezes o montante em depósitos inicial!

De notar, que este processo só é possível com a concessão de crédito por parte da instituição bancária, e pelo endividamento por parte de quem faz o empréstimo. Crédito e dívida é a mesma coisa, apenas vista de perspectivas diferentes. Por isso, quando os governos e nomeadamente o Barack Obama dizem que a saída da crise é feita através do crédito, estão a dizer que saída da crise é feita por via dívida.

Pode-se colocar a questão, de onde são provenientes os 1.000 euros iniciais. A resposta, é também supreendente. Estes 1.000 euros são emitidos pelos governos sobre a forma de títulos de tesouro, que correspondem a dívida do estado com pagamento de juros!!!

Este sistema de criação de dinheiro tem várias ramificações. Eu próprio não estava consciente delas até ver recentemente o vídeo 'Money As Debt' que recomendo vivamente. Essencialmente, este sistema é insustentável, e só pode ser suportado por um crescimento progressivo da dívida e um crescimento exponencial do crescimento económico. Este é um vídeo que eu recomendo vivamente.

A propósito deste tema, recomendo também os seguintes capítulos do muito interessante 'Crash Course' do Chris Martenson:

segunda-feira, 2 de março de 2009

Como Os Governos Se Financiam

Os governos gostam de anunciar com pompa e circunstância todo o género de novos programas, incentivos, subsídios e obras públicas. Obviamente que tudo isto seria positivo se pudesse ser feito sem prejuízo dos cidadãos, especialmente dos contribuintes. É preciso ter a noção clara que cada euro que é gasto pelo Governo é um euro que é retirado aos seus cidadãos. A situação é tão mais grave pelo facto do governo ser por definição uma instituição que não gera riqueza e sem preocupações de eficiência uma vez que se trata apenas de um "centro de custo" pago pelos contribuintes.

Resumidamente, os governos têm apenas três maneiras de se financiarem:

  1. Impostos - directos e indirectos, tais como IRS, IRC, IVA, IA, Imposto Sobre Combustíveis, etc. Aqui trata-se claramente de retirar (de uma forma politicamente mais correcta - colectar) riqueza que foi produzida por indivíduos ou empresas com o seu trabalho, esforço e risco.
  2. Dívida Pública - essencialmente uma forma do governo dizer que se financia através de impostos futuros, criando um passivo que terá que ser liquidado por governos e gerações futuras. Além disso, o governo passa a assumir um encargo financeiro sobre a forma de juros.
  3. Emissão de Moeda - agora com o banco central europeu será mais difícil, mas no entanto é possível que seja feito centralmente. A emissão de moeda por si não gera riqueza nenhuma - zero! O que a emissão de moeda faz é desvalorizar o dinheiro existente sobre todas as suas formas (contas bancárias, salários, ...) e reflecte-se na forma de um aumento do índice de preços. Esta é aforma mais invisível e subversiva dos governos se financiarem através do empobrecimento da população em geral, mas sem ter que recorrer às medidas impopulares de aumento de impostos.
Em suma, os governos apenas se conseguem financiar através do desvido de parte da riqueza produzida pelos seus cidadãos.

Dada a carga fiscal actual, hoje em dia, um português médio trabalha 4 a 6 meses por ano apenas para financiar o Governo.